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Chapter 32 - Capítulo 32 – O Véu do Inimaginável

A figura que havia surgido diante deles estava envolta em uma aura cósmica, sua presença dominando completamente o espaço ao redor. Tang San e Ryouma ficaram imobilizados, como se o próprio tempo tivesse desacelerado, e tudo o que restava era o peso daquela entidade, uma força aparentemente além de sua compreensão. A energia emanada por ela distorcia o ar, tornando-o pesado, quase palpável, e a sensação de que algo catastrófico estava prestes a ocorrer se intensificava a cada segundo.

Ryouma não se movia. Seu corpo estava tenso, pronto para reagir, mas a estranha sensação de impotência tomava conta de seus músculos. Nunca antes ele sentira uma pressão tão esmagadora. Mesmo em sua jornada incansável em busca de poder, aquela presença transcendia tudo o que ele já havia enfrentado.

Tang San, no entanto, parecia mais calmo, observando com atenção o ser diante deles. Havia algo familiar nas palavras dessa figura, algo que soava como um aviso, mas ainda estava muito distante de qualquer realidade que ele pudesse conceber. Ele já sabia que seu destino estava interligado com forças além do seu controle, mas essa revelação parecia ter sido apenas a ponta do iceberg de algo muito maior.

A figura ergueu a mão, e um brilho dourado começou a emanar de seus dedos, criando um feixe de luz tão brilhante que ofuscou até os céus. A pressão no ar aumentou ainda mais, e o chão ao redor deles começou a se rachar, como se o próprio planeta estivesse reagindo àquele poder avassalador.

— Não há tempo a perder. — A voz da figura soou, reverberando com uma ressonância que parecia atingir não apenas os ouvidos, mas a mente de ambos os jovens. Era como se as palavras daquela entidade penetrassem em seus pensamentos mais profundos. — O que está vindo é inevitável. Você, Tang San, e você, Ryouma, estão prestes a entrar em uma guerra que ultrapassa os limites de suas habilidades e sua compreensão.

Ryouma, ainda hesitante, finalmente deu um passo à frente. Seu orgulho, nunca antes abalado, foi o que o impulsionou a desafiar aquele ser.

— Quem... quem é você para nos dizer o que fazer? Não somos seus peões. Não nos interessa o que você está falando sobre uma guerra maior. O que importa agora é que estamos no controle de nossas ações, e ninguém vai nos impedir de buscar poder.

A figura sorriu, mas era um sorriso sem humor, sem alegria. Era o sorriso de alguém que já havia visto tudo o que estava por vir, alguém que não tinha mais esperanças, apenas a inevitabilidade do destino à sua frente.

— Você ainda não entende. — A figura disse, a voz agora mais grave, como se estivesse falando de algo doloroso. — O poder que você busca não é apenas uma questão de vontade ou ambição. Você está tocando forças que você não compreende, e a consequência disso será o fim do equilíbrio. A guerra que está se aproximando não é uma guerra comum. Ela envolve as próprias fundações do mundo, do tempo e do destino.

Tang San olhou para Ryouma, e a troca de olhares entre eles foi breve, mas carregada de significado. Eles estavam diante de algo que nem mesmo seus mais ousados pensamentos haviam antecipado. Uma guerra cósmica, forças além de sua compreensão… as palavras da entidade ressoavam em seus corações, mas ambos estavam imersos em seus próprios objetivos, sem saber ao certo o que esperar desse novo conflito.

— Então, o que você quer de nós? — Tang San perguntou, agora com uma determinação fria em sua voz. — Por que nos revelar isso? O que está em jogo é muito maior do que qualquer um de nós. Se você está tentando nos dissuadir, vai ter que ser mais convincente.

A entidade balançou a cabeça, e o brilho dourado em seus olhos intensificou-se. Uma energia cintilante começou a formar-se ao seu redor, como se o próprio espaço estivesse se curvando à sua presença.

— Eu não estou aqui para dissuadir ninguém. Eu sou uma sombra do que está para acontecer. A verdadeira batalha não será travada por aqueles que buscam poder, mas por aqueles que compreendem o custo desse poder. E a questão não é se vocês irão se juntar a essa guerra… mas sim como sobreviver a ela.

A sensação de desespero que invadiu o coração de Tang San foi imediata. Não era medo, mas uma percepção clara do que estava em jogo. Ele sabia que não havia voltado atrás em sua jornada, mas também sabia que o poder que ele buscava poderia ser a chave para a destruição, não apenas dele, mas de todos ao seu redor.

Ryouma, por sua vez, parecia mais furioso do que nunca. Ele não aceitava a ideia de ser controlado por alguém, nem por uma força invisível, que estivesse manipulando as marionetes do destino. Ele não queria ser parte de uma guerra cósmica; ele queria o poder para governar por si mesmo.

— Não estamos pedindo permissão para o que queremos fazer. — Ryouma disse, com raiva, mas também com um brilho desafiador em seus olhos. — Eu não vou ser mais um peão em um jogo de outros. Vou forjar meu próprio destino. Ninguém vai ditar minhas ações. Nem você, nem qualquer força cósmica.

A figura olhou para Ryouma com uma expressão enigmática. Ela não parecia se irritar com sua arrogância, nem parecia achar que ele estava errado. Pelo contrário, sua expressão parecia mais de compaixão, como se ela soubesse que aquilo era algo que ele precisava entender por si mesmo.

— Aquele que não compreende as consequências de seus atos será o primeiro a cair. — A entidade respondeu calmamente. — Você, Ryouma, vai enfrentar o peso de suas próprias escolhas. E quando isso acontecer, você verá que as forças que você provocou não podem ser controladas por sua vontade. O que você busca irá transformá-lo, ou destruirá tudo o que você ama.

Ryouma deu um passo atrás, os punhos cerrados, mas uma faísca de dúvida piscando em seus olhos. Tang San, por outro lado, estava mais atento do que nunca. Ele sentia que havia algo mais profundo nas palavras daquela entidade, algo que ele ainda não compreendia totalmente.

— O que você está tentando nos dizer? — Tang San questionou, a tensão entre os dois ainda palpável.

A figura suspirou, como se estivesse exausta de repetir a mesma lição.

— O que está chegando é inevitável. As forças que estão em movimento são tão grandes que não importa o quanto vocês tentem, não poderão escapar. Todos vocês, heróis, vilões, reinos, guerreiros... estão destinados a se tornar peças em um jogo que transcende a compreensão humana.

A entidade ergueu a mão novamente, e dessa vez uma corrente de energia dourada se espalhou pelo ar, criando um portal luminoso atrás dela. A sua presença parecia se dissipar, mas sua voz ecoou por todo o ambiente.

— Quando a guerra começar, vocês estarão prontos? Ou serão consumidos pelas forças que não podem controlar?

Com um último olhar enigmático, a figura desapareceu através do portal, deixando Tang San e Ryouma em um silêncio inquietante. Eles estavam sozinhos novamente, mas a sensação de que algo muito maior estava prestes a se desenrolar era palpável.

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