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Chapter 7 - O baile das estações.

Capítulo – O Baile das Estações

Quando o dever se mascara de celebração, o coração dança entre verdades e ilusões.

Após o discurso do rei e os votos de união entre as Casas, o salão foi transformado. Cortinas translúcidas e velas flutuantes davam ao ambiente um brilho etéreo. Os instrumentos antigos ecoavam uma melodia ancestral, que parecia invocar lembranças de vidas passadas.

Kátyra, vestida agora com uma túnica leve de prata e safira, caminhava entre sorrisos e saudações com a serenidade de uma princesa. Mas por dentro, seu coração pesava como uma espada no frio.

Ela sabia que não era o momento de romper. Seu avô, o lendário Rei Adam, o Sábio, observava tudo como se enxergasse não apenas os gestos, mas as intenções por trás deles. Seu pai, Dimitry, o Vencedor, era amado e temido entre os clãs — e ele havia selado alianças que manteriam o norte estável por gerações.

Moira, sua avó, observava à distância. Seus olhos de dragão transmitiam uma certeza silenciosa. Ela jamais me forçaria, mas sabe quando devo ceder para não me perder.

Kátyra respirou fundo e decidiu: seguiria o fluxo… por enquanto.

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A Aparição de Erizy

Foi então que ele surgiu. Entre as colunas do leste, onde o luar beijava o chão de mármore. Os olhos de Kátyra o encontraram antes mesmo que ela percebesse. Era como olhar para um eco de si mesma em forma masculina: pele clara, cabelos negros como tempestade, olhos prateados — olhos que ela já tinha visto em sonhos desde a infância.

Erizy.

Ela nunca o vira antes — mas reconhecia cada gesto, como se suas almas tivessem sido escritas no mesmo verso de um poema antigo.

> "Por que sei teu nome?" — ela murmurou sem perceber, ao vê-lo se aproximar.

> "Porque antes de nascermos, já havíamos sido prometidos. Não pelos reis… mas pelas estrelas." — respondeu ele, com a voz grave e macia.

Erizy estendeu a mão. E Kátyra, sem hesitar, aceitou.

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A Dança

A música mudou. Um antigo canto élfico entoou, e os pares se afastaram discretamente quando perceberam o que se formava ali.

Kátyra e Erizy dançaram como se o mundo tivesse desacelerado ao redor deles. O salão desapareceu. As dores desapareceram. Os jogos, os tronos, as alianças — tudo sumiu por um instante.

> "Tu és como imaginei." — disse ele, girando-a com leveza.

"Mas tua energia... é maior do que previram. A profecia não contou tudo."

> "Que profecia?" — ela perguntou, encostando a testa na dele.

> "Aquela que me mandou para perto de ti… e que talvez me obrigue a partir."

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A Quebra da Harmonia

Kátyra se afastou um passo, o coração acelerado.

> "Não entendo."

> "Há coisas que não posso contar. Ainda não. Mas preciso saber se tua luta... é contra o que está errado, ou contra tudo." — a voz dele carregava uma dor real, como quem ama e teme ao mesmo tempo.

> "Eu luto por algo novo. Por algo que ainda nem sei nomear. Mas não aceito mais o que me é imposto com fitas douradas." — respondeu ela, firme.

Erizy segurou sua mão com ternura.

> "Então talvez eu tenha que escolher entre ti… e os votos que fiz muito antes de te conhecer."

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Na sacada acima do salão, Moira observava com os olhos semicerrados. Adam se recostava com pesar. Dimitry cruzava os braços, como quem antecipa uma guerra de sentimentos.

E no fundo do salão, entre sombras… Tharion viu tudo.

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