Cherreads

Chapter 35 - O Antigo Sinal de matrimônio.

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Ainda na mesma noite, mais tarde…

A estalagem silenciara. O ruivo já roncava em algum canto e Alriel havia se retirado com um sorriso malicioso após desejar boa noite — e alfinetar Tharion mais uma vez. O salão agora era só deles.

Tharion estava encostado contra uma pilastra, braços cruzados, olhos fixos no fogo da lareira, quando Kátyra se aproximou em silêncio.

— Foi divertido te ver rosnando por ciúmes — disse ela, com um sorriso de canto de boca.

— Eu não rosnava. — Ele respondeu sem encará-la. — Só achei curioso ver você… flertando com um lenhador bêbado.

Kátyra riu, suave, e então o encarou. Seus olhos estavam menos defensivos, mais… cansados talvez. Mas firmes, cheios de decisão.

— Tharion… — ela disse, num tom diferente. — Eu não quero mais brincar de esconder o que sinto. Nem fugir de nós dois.

Ele olhou para ela com mais atenção, e viu que havia algo solene em sua expressão.

Ela se aproximou lentamente. E então, sem dizer mais uma palavra, curvou-se diante dele — um gesto raro, real. Pegou suas mãos com as dela e, com reverência, encostou-as em sua própria testa.

Tharion congelou. Reconhecia aquele gesto. Era um sinal antigo, do tempo em que alianças entre clãs eram seladas não apenas com sangue ou palavras, mas com o que chamavam de "Entrega da Alma".

— Kátyra… você sabe o que isso significa? — ele sussurrou, a voz rouca.

— Sei. — Ela ergueu os olhos para ele, firme. — Submissão voluntária. Lealdade total. É o que se faz quando uma Guardiã escolhe o único homem a quem entregaria sua coroa, sua espada… e seu coração.

Tharion engoliu seco. Por um instante, não soube o que dizer. Ele, o guerreiro rebelde, o bastardo sem nome, agora se via escolhido pela princesa dos reinos do norte. Não por obrigação. Mas por amor.

— Isso não é um jogo, Kátyra. Se você me der isso, não tem volta.

Ela sorriu, os olhos marejando.

— Eu já fui forçada demais, Tharion. Hoje eu escolho. E escolho você.

Tharion tomou suas mãos entre as dele, inclinou-se e, com delicadeza, encostou sua testa na dela, selando o gesto antigo com um silêncio cheio de promessas.

— Então que os deuses fiquem em silêncio — ele disse — e o mundo ruja à nossa volta. Porque agora somos um só.

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