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Salão da Lua — Horas depois
A grande mesa oval do Salão da Lua estava posta com simplicidade elegante. Toalhas de linho claro, pratos de porcelana fina e bandejas cheias de iguarias fumegantes ocupavam o centro. Mas o verdadeiro destaque era a pequena mesa lateral, tomada por doces coloridos, tortas aromáticas e balas de mel cristalizado — todas cuidadosamente escolhidas para impressionar apenas uma pessoa: o pequeno herdeiro recém-chegado.
Kátyra, com os cabelos soltos e um vestido de tom vinho, sentava-se ao lado do filho, tentando impedir que ele devorasse três tortas ao mesmo tempo.
— Devagar, criatura! — ela sussurrou. — Isso não vai fugir do prato.
— Mas no caminho todo ninguém me deu torta! Nem uma mísera migalha! — ele protestava de boca cheia.
Tharion riu, observando de canto de olho. Dimitry, sentado à cabeceira, servia vinho para os adultos e água com ervas adocicadas para o menino.
— Então… — disse Dimitry, erguendo a taça. — Que seja este o jantar da paz. Familiar, simples… e doce o suficiente para calar os deuses.
Kátyra e Tharion sorriram. Cora, com um brilho leve nos olhos, tocou a taça de Dimitry com a sua e murmurou:
— Ainda temos mais uma razão para celebrar.
Dimitry a olhou, ansioso. Ela pousou a mão suavemente sobre a própria barriga, e os olhos dele se arregalaram de novo — pela segunda vez naquele dia.
Kátyra parou de mastigar.
— Mãe…?
Cora assentiu, o rosto iluminado por uma alegria serena.
— Estou grávida. Vamos ter outro filho.
Um silêncio breve caiu sobre a mesa. Então, o menino ergueu as mãos, animado:
— Isso quer dizer que vou ter um tio mais novo?
— Ou uma tia — corrigiu Cora, sorrindo.
— Posso ensinar ela a jogar torta nas pessoas? — ele perguntou, já com ideias brilhando nos olhos.
Kátyra cobriu o rosto, rindo, e Tharion comentou:
— O Reino do Norte não sabe o que o espera…
Dimitry segurou a mão de Cora com carinho e, pela primeira vez em muito tempo, parecia verdadeiramente em paz.
— A casa está crescendo. E com ela… talvez um novo tempo.
Kátyra observou aquilo em silêncio, e sem que ninguém visse, entrelaçou seus dedos nos de Tharion por debaixo da mesa. Ele apertou suavemente de volta.
Ali, entre risos e doces, o Norte começava a curar suas cicatrizes.