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Chapter 69 - Capítulo 69 – A Escolha do Caminho

Ryouma respirava pesadamente, ainda tentando processar o impacto da batalha que acabara de travar. O que antes parecia uma simples arena de julgamento agora estava envolto em uma aura silenciosa e opressiva. O chão, antes sólido, começava a se fragmentar em pequenas partículas de energia que pareciam desaparecer conforme tocavam o ar.

Daelus observava-o com uma expressão indescritível. Não havia mais aquele sorriso enigmático. O que restava era uma figura que parecia mais um juiz imparcial do que uma entidade cheia de intenções ou desejos.

— Você passou no Julgamento, Ryouma. Mas o que isso significa para você? — perguntou Daelus, a voz grave ecoando ao redor da arena. As palavras não eram de celebração, mas de um questionamento profundo e existencial. Não havia uma resposta imediata, e Ryouma sabia disso.

O jovem respirou fundo, tentando reunir os fragmentos do que acabara de vivenciar. O Juízo não foi apenas uma prova de força. Ele fora testado de maneiras que ele nunca imaginara. Sua essência, sua moralidade, suas intenções — tudo isso fora colocado à prova. E, apesar de sua vitória, a sensação de vazio ainda permanecia.

Ele olhou para as mãos, ainda tremendo ligeiramente, mas com um brilho renovado nos olhos. O que ele procurava? Poder? Controle? Ou algo mais profundo, algo que ele ainda não compreendia por completo?

— Não sei — respondeu Ryouma, com sinceridade. — Eu passei no Julgamento, mas ainda não sei o que isso significa para mim. Eu tenho o poder agora. Eu sei disso. Mas o que devo fazer com ele?

Daelus observou o jovem com um olhar analítico, como se visse além da superfície, como se fosse capaz de perceber as correntes profundas que corriam sob a fachada de determinação de Ryouma. O Juízo não havia sido só uma prova do seu potencial físico. Ele também fora um espelho da alma de Ryouma, uma janela para o que ele poderia se tornar — ou para o que poderia destruir.

— O poder sem propósito é a mesma coisa que a força sem controle — Daelus disse calmamente. — Você terá que decidir o que realmente deseja. Não posso fazer isso por você.

Ryouma olhou para Daelus, os olhos brilhando com uma chama de compreensão. Ele sentia que, mesmo depois de todas as provações que enfrentara, ainda havia mais a ser revelado. Havia mais camadas a serem desvendadas dentro de si mesmo, camadas que ele ainda não conseguia compreender completamente. E o Julgamento, de alguma forma, o havia levado a uma encruzilhada.

— Eu… eu tenho muitas dúvidas — Ryouma confessou, os ombros caindo ligeiramente. — Mas acho que entendi o que você quer dizer. Eu posso continuar em busca de poder, mas se eu não souber por que o estou buscando, posso perder o que realmente importa.

Daelus deu um leve aceno de aprovação, como se ele já soubesse que a resposta de Ryouma seria assim.

— Então, qual é a sua escolha agora, Ryouma? Você seguirá esse caminho do poder sem olhar para os efeitos que isso pode ter sobre os outros? Ou você buscará um propósito maior, algo que não envolva apenas sua própria ambição?

Ryouma fechou os olhos, refletindo profundamente. Ele sabia que, ao se deparar com o poder que o Juízo lhe concedera, não seria mais simples como antes. O caminho agora era tortuoso, repleto de dilemas morais e desafios que iam além das batalhas físicas. Ele não queria ser como as figuras sombrias que o testaram durante o Juízo. Mas, ao mesmo tempo, o desejo de se tornar mais forte, mais capaz, mais invencível, ainda queimava em seu coração.

— Eu escolho — disse Ryouma, finalmente. — Eu escolho um caminho onde eu possa controlar meu destino, mas sem me perder no caminho. Eu buscarei um propósito maior. Eu não serei escravo do poder, mas sim, alguém que o usa para proteger os que preciso proteger e, acima de tudo, para me proteger da escuridão que pode surgir dentro de mim.

Daelus não disse nada de imediato, mas seu olhar se suavizou um pouco. Ele parecia satisfeito, como se soubesse que Ryouma havia dado um passo importante. Porém, a verdade era que a escolha de Ryouma era apenas o começo de algo ainda maior.

— Sua escolha foi feita. Mas lembre-se, o Juízo não é o fim, e sim o começo. O poder que você agora possui virá com responsabilidades. O que você fará com ele, depende unicamente de suas escolhas. Mas tenha cuidado, pois, à medida que você se aproxima do seu destino, o Juízo poderá retornar, mais forte e mais implacável.

Com essas palavras, Daelus desapareceu, deixando Ryouma sozinho na arena agora silenciosa. O mundo ao seu redor parecia se reconfigurar, os céus clareando, a terra solidificando-se sob seus pés. Ele sentiu a energia vibrar através de seu corpo, e por um momento, ficou parado, absorvendo tudo.

Ele sabia que, a partir daquele momento, sua vida nunca mais seria a mesma. Havia muitas perguntas ainda sem resposta, muitos dilemas à frente. E, acima de tudo, um destino ainda indefinido. Ryouma olhou para o horizonte, com um novo tipo de clareza em seus olhos. Ele tinha um propósito, e agora ele sabia que precisava começar a trilhar o caminho que escolhera.

Sem mais palavras, ele virou-se e começou a caminhar. O futuro não era mais uma linha reta, mas uma jornada sinuosa, cheia de perigos, escolhas e momentos que o fariam questionar até mesmo sua própria natureza.

Mas ele estava pronto. Ele havia escolhido.

E o caminho do Juízo havia apenas começado.

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