A pressão aumentava a cada instante, o campo ao redor de Ryouma sendo preenchido por uma neblina densa que distorcia a realidade. Ele sentia como se cada respiração que tomasse fosse um peso esmagador, como se as próprias leis da física estivessem sendo desafiadas ao seu redor. A Voz das Sombras parecia sorrir por trás de seu capô, a expressão inatingível.
Ryouma sabia que, de alguma forma, o que estava prestes a acontecer alteraria o curso de sua vida para sempre. Ele não estava mais apenas lutando contra um inimigo. Ele estava desafiando um destino que parecia já traçado, e ao fazer isso, estava quebrando as correntes do passado e do futuro.
Com um movimento rápido, ele levantou a mão e começou a concentrar a energia que sentia em seu corpo, alimentando-se da força que o Sistema havia proporcionado. Era como se ele estivesse canalizando toda a sua experiência, todas as suas batalhas anteriores e o conhecimento que ele obtivera através das fragmentações do Arquivo Proibido.
— O destino não pode ser evitado, Ryouma. — disse a Voz das Sombras, sua voz suave, mas cheia de uma confiança inabalável. — Você acredita que pode mudar a si mesmo? O Rei Quebrado já tomou sua decisão. Não importa o quanto lute contra isso.
Ryouma não disse nada, suas mãos se entrelaçando enquanto a energia ao seu redor se intensificava. Ele podia sentir a verdadeira essência de seu espírito marcial, como se cada célula em seu corpo estivesse em sintonia com o poder que lhe era dado. Os espíritos que possuía estavam em ressonância com a sua vontade, ampliando seu poder ainda mais.
Mas, no fundo, ele sabia que a verdadeira luta não era contra a Voz das Sombras. O maior inimigo era ele mesmo. O que ele se tornaria após esse momento? O que suas escolhas significariam para o futuro de todo o continente?
As palavras da Voz das Sombras ecoavam em sua mente, e ele não podia ignorá-las. O Rei Quebrado não era uma lenda, mas uma verdade que transcende tudo. Ele próprio era parte disso, uma chave para um novo ciclo. Ele não era apenas um ser de outro mundo, mas alguém com um papel mais profundo no jogo do destino.
— Ryouma, você está cometendo um erro. — Tang San disse, sua voz carregada de uma urgência palpável. — Se você continuar, tudo o que conhece será destruído. Eu entendo que você quer controlar seu destino, mas o caminho que você está seguindo não trará salvação. Você está prestes a abrir um abismo que não poderá ser fechado.
O martelo do Céu Claro pulsava na mão de Tang San, oculto sob seu manto, e o ar ao redor dele parecia vibrar com o poder do artefato. Ele estava preparado para agir, mas a dúvida ainda pairava sobre ele. Ryouma era mais do que ele imaginava. O poder que Ryouma possuía, bem como sua determinação, fazia com que Tang San se perguntasse se ele estava realmente do lado certo.
Ryouma olhou para ele, seus olhos penetrantes e calmos, como se estivesse refletindo profundamente sobre as palavras do companheiro. Ele sabia que a escolha que estava prestes a fazer não apenas os afetaria, mas poderia transformar todo o curso da história.
— Não há mais tempo para arrependimentos, Tang San. — Ryouma finalmente disse, a decisão em sua voz clara e imutável. — Eu não sou mais aquele que aceita ser controlado por algo que não compreendo. Se isso for o destino, então ele será reescrito.
A Voz das Sombras riu suavemente, como se estivesse assistindo a um espetáculo fascinante.
— Você finalmente entendeu. — Ela disse com um tom quase satisfeito. — O destino está sempre em nossas mãos, mas ele também é uma ilusão que nos aprisiona. Você está pronto para quebrá-lo, então avance. Faça o que tem que ser feito.
Ryouma deu um passo à frente, sentindo a pressão do poder ao seu redor. Seus espíritos começaram a se manifestar, seus corpos se contorcendo e fundindo-se em formas poderosas que emanavam uma energia densa e ameaçadora. Mas, naquele momento, ele percebeu algo.
As sombras ao redor deles começaram a se distorcer ainda mais. Não eram mais apenas a Voz das Sombras que o cercava, mas algo maior. Algo que o desafiava de uma forma que ele não poderia compreender.
— O que está acontecendo? — perguntou Ryouma, a tensão aumentando em seu peito.
A Voz das Sombras olhou para ele com um sorriso sombrio.
— O que você está vendo não é mais o seu mundo, Ryouma. Você está prestes a entrar no Labirinto da Verdade. Aqui, você enfrentará as escolhas que fez até agora, e elas serão refletidas de volta em você. Se você não for forte o suficiente, a verdade será sua perdição.
Ryouma franziu a testa, sentindo uma onda de poder imensa vindo do centro do campo. As sombras tomaram forma, tornando-se uma massiva estrutura de paredes e corredores, um labirinto que parecia engolir tudo ao seu redor.
— Você está me testando? — Ryouma questionou, a raiva e a determinação se misturando em sua voz. — Não vou cair nas suas armadilhas.
Ele avançou, mas logo percebeu que cada passo que dava o levava mais fundo dentro do labirinto. As paredes estavam se fechando, e a pressão sobre ele só aumentava.
Então, algo dentro de Ryouma despertou. Não era apenas a força física ou o poder de seus espíritos, mas uma força mais profunda, a conexão com seu verdadeiro eu. O Sistema havia lhe dado ferramentas, mas agora ele precisava confiar em sua própria força. Ele fechou os olhos, sentindo a energia ao seu redor fluir.
— Eu não sou uma marionete. Eu sou Ryouma. Eu sou a minha escolha. — Ele disse com firmeza.
O labirinto se começou a dissolver ao seu redor. As paredes de sombras começaram a se desfazer, e o peso da dúvida e do medo que o consumia começou a se dissipar. Ele havia enfrentado a verdade, e agora, ele a controlava.
Mas ao virar uma esquina do labirinto, uma nova figura surgiu diante dele.
O Rei Quebrado.
Sua presença era avassaladora, uma figura de pura destruição e criação. A forma do Rei Quebrado era feita de escuridão e luz entrelaçadas, uma criatura que transcendia os limites do que Ryouma podia compreender.
— Então você chegou até aqui, Ryouma. — A voz do Rei Quebrado ecoou como um trovão. — Você está pronto para enfrentar seu verdadeiro destino?
Ryouma sentiu o peso dessa pergunta e, pela primeira vez, teve certeza de que não havia como voltar atrás. Ele havia cruzado o ponto sem retorno.
A batalha final estava prestes a começar.