A brisa fria que antes pairava no ar foi substituída por uma sensação de inquietude crescente. O chão sob os pés de Ryouma e Tang San tremia levemente, como se uma grande força estivesse prestes a se manifestar no ambiente. A luz, antes clara e reconfortante, começou a se fragmentar, quebrando-se em pequenos feixes que dançavam de maneira caótica ao redor dos dois jovens. A névoa, agora dispersa, cedeu lugar a uma escuridão quase total, mais densa do que qualquer noite que já haviam experimentado.
Ambos estavam cientes de que algo estava prestes a acontecer, algo grande e inevitável, mas nem um deles sabia o que exatamente era. A sensação de estar sendo observado, que Ryouma já havia experimentado antes, agora parecia mais intensa, quase palpável. Ele olhou para Tang San, que estava em pé ao seu lado, a postura ereta, mas com os olhos fixos em algum ponto distante na escuridão.
A tensão era palpável. Os dois sabiam que não estavam mais apenas em um teste psicológico, mas que estavam prestes a ser confrontados com algo muito mais perigoso. Um enigma que poderia definir não apenas o futuro deles, mas também o destino do mundo que os cercava.
Foi então que o ar se iluminou repentinamente. Não com uma luz comum, mas com uma luz intensa e radiante que surgia de todos os lados ao mesmo tempo. Ela emanava de uma esfera flutuante no centro do ambiente, que, como uma estrela, projetava raios de energia pura para todas as direções. Os dois fecharam os olhos por instinto, e, ao abrirem novamente, viram que a esfera tinha se transformado em uma figura — uma entidade que parecia não ter forma definida, como se fosse feita de pura luz e escuridão, uma presença que existia entre os dois.
A voz da entidade não vinha de fora, mas de dentro de suas mentes, sussurrando palavras com um peso insustentável.
— Vocês chegaram longe, mais do que qualquer um teria ousado, e agora, o verdadeiro desafio começa. O Enigma do Destino os aguarda.
Ryouma sentiu uma onda de desconforto invadir seu corpo. Ele sabia o que isso significava. Não era apenas uma provação para testar suas forças físicas ou mentais. Era uma provação do próprio destino, algo que não poderia ser controlado ou previsto.
Tang San, que sempre fora cético sobre as forças que não compreendia, sentiu sua confiança abalar. Ele conhecia os perigos que surgiam em momentos como esse. Mesmo sendo tão habilidoso, ele nunca havia enfrentado algo tão profundo quanto essa entidade. Ele sabia que, ao longo de sua jornada, havia feito escolhas difíceis, escolhas que o haviam moldado e o haviam afastado daquilo que ele uma vez acreditou ser sua verdadeira essência. Mas o Enigma do Destino parecia ser algo muito além do que ele poderia conceber.
A figura de luz falou novamente, sua voz ressoando como um eco no vazio.
— O destino não é apenas um caminho. Ele é uma teia, uma rede complexa de escolhas, de causas e consequências. Cada passo que vocês deram, cada movimento que fizeram, gerou uma corrente de possibilidades que agora se entrelaçam. Mas as decisões que tomarem agora não serão apenas suas — elas afetarão não apenas vocês, mas o próprio equilíbrio do mundo.
Ryouma encarou a entidade com seriedade. Ele sabia que, de alguma forma, o que quer que fosse essa força, ela estava ligada ao que ele procurava, ao poder que ele buscava dominar.
— O que você quer de nós? — ele perguntou, sem rodeios. Ele sabia que as palavras dessa entidade não eram simples metáforas. Algo de verdade estava sendo oferecido ali, mas o preço ainda era desconhecido.
A entidade se materializou ainda mais, suas formas indistintas se moldando como um turbilhão de energia que parecia estar em constante mutação.
— O que quero? Não, não sou eu quem quer algo. O Enigma do Destino é uma oportunidade. Uma oportunidade de moldar o futuro. De criar uma nova linha de possibilidades. Vocês têm o poder de alterar o curso dos eventos que se desenrolam, mas para isso, devem responder a uma pergunta. Uma pergunta simples, mas que irá definir tudo. A pergunta é: O que você sacrifica para garantir que o destino siga o seu caminho?
Tang San sentiu um calafrio percorrer sua espinha. O sacrifício. Ele sabia o que isso significava, mas a ideia de ter que pagar um preço tão alto para alterar o destino o incomodava profundamente.
Ryouma, por outro lado, parecia mais focado. Ele havia enfrentado desafios antes, mas este parecia diferente. Era um teste de caráter, de quem ele realmente era no fundo de sua alma. Ele havia cometido erros, tomado decisões difíceis, mas ele ainda acreditava que podia ser diferente, que o futuro não precisava ser escrito com sangue e sacrifícios desnecessários. Porém, o que a entidade estava sugerindo não era algo simples.
— Sacrifício? — Ryouma repetiu, os olhos fixos na figura. — O que significa sacrificar para moldar o futuro? O que exatamente você está pedindo de nós?
A entidade fez uma pausa. Quando voltou a falar, sua voz estava carregada de uma gravidade imensa.
— Tudo que vale a pena na vida exige sacrifício. O poder, a glória, a paz... Tudo exige algo em troca. O destino não é gentil com aqueles que o desafiam. Ele pede algo em troca de suas ambições. Você já sacrificou muito, mas ainda há mais a perder. O que você está disposto a sacrificar para alcançar a grandeza?
Tang San deu um passo para frente, os punhos apertados. Sua mente estava tumultuada, mas ele sabia que o futuro exigiria uma escolha, e não haveria volta. A jornada dele até aqui fora marcada por perdas e ganhos, por erros e acertos. Mas, à medida que ele se aproximava de seu destino, a verdadeira natureza do sacrifício estava prestes a ser revelada.
Ryouma, mais calmo, fechou os olhos por um momento. Ele sabia que havia chegado o momento de decidir. O que ele realmente queria? O que ele estaria disposto a dar para garantir que o futuro fosse moldado de acordo com suas próprias regras?
A entidade parecia se dispersar, mas sua última mensagem foi clara, ecoando nos pensamentos dos dois jovens.
— O futuro é uma estrada feita de escolhas. O que vocês escolhem hoje afetará os destinos que se desenrolam amanhã. Lembrem-se: o Enigma do Destino não oferece respostas fáceis, mas é a única forma de determinar quem vocês realmente são.
A luz desapareceu, e o silêncio tomou conta novamente. O ambiente havia mudado novamente, mas desta vez, parecia mais sombrio. O peso das palavras da entidade pairava no ar, e uma sensação de urgência crescia dentro de ambos.
Ryouma olhou para Tang San, e, sem dizer uma palavra, ambos souberam que algo muito maior estava por vir. O Enigma do Destino não seria resolvido tão facilmente, mas eles estavam prontos para enfrentá-lo. Pelo menos, era o que eles queriam acreditar.